Grease – Crítica


Lançado em 78 mas com referências a uma época que remonta os anos 50. Um musical que é um clássico! Talvez o mais aclamado de todos os tempos e porquê?!

“Nos tempos da brilhantina” em plena era de ouro do capitalismo! Uma representação do que foi uma época de consumismo – e nós percebemos isso no filme através do apego aos carros, das aparências – em que os adolescentes exaltavam a sua rebeldia com o intuito de mostrar a sua independência, mas ainda repletos de infantilidade. E essa infantilidade é nós dada através de cenas animadas, como o início do filme que é caricaturada. É brilhante a forma em como Randal Klaiser nos dá a criança que ainda existe nas personagens, ao mesmo tempo que partilham cigarros e bebida.

Quem ouve a “Summer Nights” na voz de Olívia Newton-John e John Travolta, e não é remetido para toda a riqueza cultural dos anos 50?! E quem melhor que John Travolta para este papel!?! Eu acredito que o Grease é muito pelo acting deste senhor. Grease é alegre, palpita, mostra-nos a efervescência da adolescência e o Travolta vibra aqui! Tem carácter! Como actor, cantor e dançarino!  E arrecadou a indicação para melhor actor nos Globos de Ouro! Foi o pico da sua carreira! Mas todo o elenco é bem dirigido acompanhado de uma produção cuidada. A forma de andar, os casacos de cabedal, os penteados, tudo isto revela toda a auto-afirmação típica desta geração. Os carros como forma de mostrar poder e a forma de vida perigosa para exaltar coragem. Estamos perante a geração brilhantina!

 

 

 

 

 

É também de referir a separação do sexo masculino e feminino, numa época em que se estavam a libertar os tabus impostos pela sociedade. As meninas sonhadoras e românticas, ao invés dos rapazes que não perdem a postura de durões. No seio feminino temos uma personagem (Rizzo) que se destaca com um papel intemporal. Digo isto porque é uma jovem rebelde que fuma, que vive a sua liberdade sexual sem amor, e é com a sua gravidez que o filme nos mostra as jovens loucuras sem pensar nas consequências. E se para nós estas características hoje são banais, todos sabemos que foi nesta altura que começou a desmistificação dos preconceitos e repito, criados pela sociedade.

Na corrida aos Óscares, Grease levou a indicação de melhor canção original “Hopelessly Devoted to You”. Hoje continua a ser encantador visualizar Grease que merece 7 numa escala intemporal.

1 thoughts on “Grease – Crítica

  1. Maria Elvira Bellotto diz:

    Concordo com o comentário acima, mas vou um pouco além. Penso que Grease mostra a rebeldia necessária para a mudança social que acontece de tempos em tempos e que é bandeira dos jovens, ao menos no mundo ocidental. Em Grease, não temos os jogadores e as líderes de torcida como hoje os vemos, em alguns filmes: fortes e até mesmo, ameaçadores. Eles representam a ordem da década de 50. Ao passo que aqueles que fazem sexo, cantam e dançam músicas sensuais, são entendidos como os desvios da juventude da época. Mas veja, o filme foi feito em 1978, época posterior ao Blues Negro Americano, ao cantor Jerry Lee Lewis, posterior a Elvis Presley, aos Beatles e tantos outros, que abriram caminho para tal filme. Portanto, apesar de ser capitalista, tem em si a dialética fantástica do incontrolável que é o desvio humano. Sim, de fato é um filme romântico, mas também explicito dos acontecimentos das décadas de 50 e 60, que só puderam ser mostrados na década de 70 onde já havia se disseminado a ideia de uma juventude e de uma sociedade um pouco mais aberta.

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